Diário de Bordo - Jonas

 

25/08/2006 – Aratu Iate Clube

O pai acordou bem melhor hoje, tanto que descemos em terra para brincar na piscina e ele veio junto! Conhecemos um garoto bem legal chamado Juan que brincou bastante com a gente. Depois de brincar bastante, fomos para o barco almoçar. Como estávamos comendo no cockpit, vimos vários barcos chegando para a Aratu-Maragogipe, famosa regata da Bahia. Entre eles estavam o “Kanaloa” (Rio de Janeiro) e a escuna “Horizonte” (Ilhabela)!!! Depois descemos em terra para a festa de abertura da regata e a reunião de comandantes. Encontramos dezenas de conhecidos: um grupo de velejadores de Ilhabela, o Torres (comandante do Kanaloa), o Janjão de Parati e vários outros! Ainda apareceram Aleixo Belov e o Comandante Miranda! Conhecemos o Hugo, a Gisleine e a Talita do catamarã Beduína e revemos o Rodrigo, a Márcia e o Nicolas (Nick) do “Cavalo Marinho” (Parati)! Todos são super legais e, para melhorar ainda mais, os Hagge chegaram! Jogamos “Super Trunfo” (jogo de cartas) com o Vitor, o Nick e a Talita e nos divertimos para valer! Fomos para o barco bem tarde, mas valeu a pena. Eu até ficaria mais, mas vamos ter que acordar cedo para a Aratu-Maragogipe, que é amanhã.

 

26/08/2006 – Aratu - Maragogipe

Hoje é o grande dia da regata Aratu-Maragogipe!!! Acordamos bem cedo e começamos a arrumar as coisas, tomar café e preparar a aparelhagem do balão. Soltamos a poita e fomos para a largada velejar um pouco. Como nós corremos na classe “RGS Regata B” (uma injustiça, pois o nosso barco está cheio de tralhas!), seríamos os últimos a largar. Nunca vi tantos barcos na minha vida!!! Eram 250 embarcações entre escunas, saveiros, barcos de aço, multicascos, barcos de regata e cruzeiro. O primeiro grupo largou. Eram escunas, saveiros e veleiros de pequeno porte, que quase foram atropelados por um navio que estava entrando! Foi muito bonito ver esses barcos largando, especialmente os saveiros. Depois foi a vez dos veleiros de cruzeiro de pequeno e médio porte, entre eles o Fandango do Carlos e o Gabushí dos Hagge, e finalmente (meia-hora depois), nós. Tivemos de largar duas vezes, pois os barcos “queimaram” a largada e a juria fez uma chamada geral. Quando finalmente largamos para valer foi dez!!! Saímos na frente das máquinas de regata “Bola Sete”, “Ave Rara” e “Adrenalina Pura”, que logo nos passaram e a todo mundo. Alcançamos 6,5 nós na perna de orça, passando para 7,5 na de vento folgado. Estávamos tão bem que os catamarãs, um Fast 395 e alguns “Deltas 32 e 36” só nos alcançaram lá pela metade da segunda perna, que media 9,5 milhas! Na entrada do rio Paraguaçu, o vento diminuiu e nós alcançamos vários barcos, inclusive o Gabushí. Cruzamos a linha de chegada às 5 e pouco da tarde, depois de 5 horas e meia de regata. Ancoramos bordo a bordo com o Gabushí e em terra comemos um bom churrasco na festa de chegada. Quando íamos ver a premiação, um “adolescente retardado” começou a soltar rojões em cima de todo mundo, queimando a perna de uma amiga nossa do Gabushí, a Janaína. Quase que os velejadores todos partem para cima dele! Voltamos para o barco, brincamos um pouco e dormimos exaustos de tanta diversão.

 

27/08/2006 – Maragogipe – Ilha da Maré – Marina Aratu

Quando acordei já estávamos quase saindo do maravilhoso rio Paraguaçu. O Vitor já estava acordado e fiquei sabendo que ganhamos dois pacotes enormes de M&M’s do pessoal do veleiro “Pangea”, que nós conhecemos no Aratu Iate Clube e são super simpáticos. Não havia vento na maior parte do caminho, então rebocamos o Gabushí de Maragogipe até perto da ilha da Maré, onde entrou um vento bom. Ancoramos na ilha da Maré e lá descemos. A ilha é muito bonitinha, principalmente na maré baixa, quando as praias aumentam de tamanho e aparecem as conchas, os caranguejos e outras coisas. Almoçamos a bordo do Gabushí um delicioso macarrão preparado pela Virna, tia do Vitor. Depois fomos para a Marina Aratu, onde nos despedimos dos Hagge. Depois fomos conhecer a enorme escuna verde na qual o Alexandre está trabalhando (ver dia 23/07/06). É gigante! Deve ter uns oitenta pés ou mais de comprimento e uns vinte centímetros de grossura do casco!!! Conversamos muito com o Alexandre e a Maria Alice e voltamos para o barco acabados.

 

28/08/2006 – Marina Aratu – Itaparica Marina

Saímos de Aratu bem cedo e viemos velejando até Itaparica. Ainda no clima de regata, viemos vendo quem alcançava a maior velocidade no leme. O vencedor fui eu, com 8,5 nós! Chegando na marina conhecemos, finalmente, o famoso Luis Poesia, de quem escutamos falar desde que entramos na Bahia! Ele é super legal e conhecemos também o Chico, dono do veleiro Corall, que vimos em Parati. Conversamos um pouco e nós fomos para a praia, onde brinquei na água e em terra. Mais a noite comi três (!) pastéis na excelente pastelaria “Fundo de Quintal”. Passeamos na cidadezinha e voltamos ao Fandango, onde dormi pesadamente.

 

29/08/2006 – Itaparica Marina – CENAB - Pelourinho

Nos despedimos do Poesia e do Chico e fomos para o CENAB velejando. Assim que chegamos, o pessoal do Beduína  e do Cavalo Marinho vieram  conversar  um pouco e eu e a Carol brincamos muito com o Nick  e a Talita. Depois fomos conhecer o Beduína e o Cavalo Marinho. O Beduína é lindo e enorme, cheio de coisas legais como duas cadeirinhas na proa, para quem quiser curtir o visual. Já o Cavalo-Marinho me lembrou muito o Trinta-Réis, nosso antigo barco, só que muito maior. Ele tem a mesma cabine de popa gigante e é super espaçoso. Depois jogamos Zigity e à noite passeamos no Pelourinho, tomamos sorvetes e ouvimos música. Encontramos lá o pessoal da escuna Horizonte e, já de volta à marina, o Paul e a Diane, do Barco Flame (Niterói)! Depois disso fui dormir bem cedo.

 

30/08/2006 – CENAB – Restaurante Centola

Acordei bem tarde e logo fui brincar com o Nick no Cavalo-Marinho. Brincamos muito com lego e outros brinquedos super legais. Depois fui ajudar o pai a trocar o óleo do motor e, acabando o trabalho sujo, fomos conhecer o Radum, um Fast 345, do amigo Valmir, de Ilhabela. O barco é lindo e super espaçoso! Adorei o barco! Voltei a brincar com o Nick, a Carol e a Talita e continuamos até de noite. Então os Hagge vieram nos levar para jantar no restaurante Centola, especializado em frutos do mar! Eles nos deram vários presentes. O meu foi um livro chamado “A Lista dos Desejos”, do mesmo autor do “Artemis Fowl”! No Centola, comi lambreta, um tipo de molusco bem parecido com o marisco (e bom até não poder mais!) e caranquejo, uma ótima pedida. Ainda brincamos muito com o Vitor, nessa última noite na Bahia. Chegamos no barco lá pela meia-noite e “chumbados” de sono, mas valeu a pena!

 

31/08/2006 – Salvador (CENAB)

Em Aratu foi o pai que passou mal. Hoje foi a minha vez. Tomei logo um remédio para a gripe e comecei a trabalhar um pouco no barco, afinal, eu não estava tão mal assim, né? Depois do trabalho fomos brincar com a Talita e com o Nick. O Nick fez uma carta náutica de brinquedo e com ela brincamos de pirata a manhã e a tarde toda. O pai acabou mudando os planos e só vamos para Maceió amanhã! Vimos os barcos do outro píer do CENAB, a maioria veio com o Costa-Leste, e batemos papo com o Torres, o Reinaldo e a Bernardete e o Nelson, do “Salmo 33”. Continuamos a brincadeira até de noite e fomos jantar cachorro-quente no Cavalo-Marinho. Depois do jantar vimos “Atlantis – O Reino Perdido” (filme da Disney) ainda no Cavalo-Marinho. No final, a Carol foi dormir no Beduína, o pai no Fandango e eu no Cavalo-Marinho.

 

01/09/2006 – Salvador - Travessia

Acordei às nove horas da manhã para iniciarmos a travessia Salvador-Maceió, nosso maior trecho até agora. São dois dias de viagem! As despedidas foram muito comoventes, era triste ter de partir. Bem, bola para frente, a vida continua e a viagem também! Tivemos uma baita sorte, pois enquanto saíamos do CENAB, vinha entrando um belo saveiro só à vela! A saída da barra de Salvador foi bem complicada. As ondas estavam altíssimas e o Fandango parecia um liquidificador flutuante. Saindo da barra a situação melhorou muito e vimos até uma tímida baleia, que não quis chegar muito perto do barco. Seguimos normalmente em nosso rumo: nos revezando, conversando e, por vezes, dando uma dormidinha para nos prepararmos para mais um turno. No meio da tarde vimos alguns golfinhos bem perto do barco, mas infelizmente eles não ficaram muito tempo. Ao pôr-do-sol estávamos fazendo 7,2 nós de média!!! O pôr-do-sol foi fantástico e, à noite, ajudei um pouco o pai e fui dormir.

 

02/09/2006 – Oceano Atlântico

Assumi o turno da Carol de manhã e continuamos a cruzar os mares em direção à Maceió. Depois de um tempo fizemos um sensacional mergulho em 1.880 metros de profundidade! A água estava com pelo menos 50 metros de visibilidade e o Fandango parecia estar navegando no céu, de tão clara que a água estava! Eu conseguia ver até as cracas na quilha! Logo após, fomos pegos por uma calmaria e ligamos o motor. Enquanto predominava a falta de vento, a fricção da vara de pesca endoidou! Havíamos pego algo. E grande! O peixão pulou umas duas vezes e mudou de tática, afundando o máximo possível. O pai pegou a vara e começou a brigar com o peixe, o que foi bem difícil, pois o bicho era forte. Depois de um bom tempo, o peixe chegou perto do barco. Era um dourado de uns quatro ou cinco quilos! Eu fui pegá-lo com o puçá e fiz uma baita burrada: deixei o puçá enroscar no anzol, que soltou, fazendo-nos perder o peixe. Fiquei irado comigo mesmo! A sorte foi que eu bati fotos boas, assim ninguém acha que é estória de pescador. Quase no final da tarde comecei a ler “A Lista dos Desejos”, que é super legal! Valeu, Vitor, André e Adriana!!! Fiquei no cockpit até o pôr-do-sol e fui dormir, com um impossível sonho de peixe assado.

 

03/09/2006 – Maceió

Acordei pouco antes de chegarmos à Maceió. Pegamos uma poita e fomos ter nosso merecido descanso. Li mais um pouco do “A Lista dos Desejos” e (agora já às nove da manhã, sendo que chegamos às cinco e meia) fomos passear. Quem nos levou para o passeio foram a Simone e a Laura, amigas nossas que não víamos há um tempão. Elas moravam em Florianópolis (SC) e se mudaram para cá faz duas semanas! Que coincidência! Primeiro fomos conhecer a hípica, onde estava havendo uma competição de saltos. Foi muito legal! Depois fomos na linda (e lotada) praia do Francês, onde brinquei bastante na água. Tenho que aproveitar, pois nossa próxima parada é Recife e eu não sou doido de entrar no mar lá, principalmente na tal praia de Boa Viagem. Após a praia, fomos na sorveteria Bali, maravilhosa, melhor até que a “Cubana” de Salvador! Então fomos no C.E.L. (Centro de Equitação e Lazer, acho) onde vimos a Laura praticar saltos com o cavalo. Ela saltou mais de um metro, passando facilmente pelo obstáculo. Foi super legal! Ficamos um bom tempo lá e jantamos numa pizzaria chamada “Super Pizza”. Depois voltamos ao barco, nos despedimos e dormi feito pedra.

 

04/09/2006 – Maceió

Começamos a arrumar o barco bem cedo, mas logo descemos em terra. Tomei um bom banho e fomos na Capitania dos Portos de Alagoas, que é bem pertinho da Federação de Vela e Motor Alagoana, onde estamos apoitados. Conhecemos o sub-oficial Brito, super simpático, que nos levou para conhecer a bela Capitania. Infelizmente o Capitão-dos-Portos não estava no momento e nós voltamos para o barco, onde almoçamos. Continuamos fazendo a arrumação do barco e, mais tarde, fomos novamente à Capitania, pois o Capitão havia chegado. Conhecemos o simpaticíssimo Capitão-dos-Portos Tadeu e sua secretária, Dona Vera, também muito simpática. Conversamos muito com eles e batemos boas fotos na frente da Capitania. Ganhamos camisetas e o pai um boné e demos bandanas do “Três no Mundo” para o Capitão Tadeu e o sub-oficial Brito. Voltando à Federação, encontramos o João Sombra (ver diários do Rio Boat Show) e ficamos um bom tempo fazendo mágicas e conversando. Ele nos deu o livro “Conversando com o Guardian” e ensinou-nos duas ótimas mágicas. De volta ao barco, fiz diários e dormi.

 

05/09/2006 – Maceió - Travessia

Logo cedo nós soltamos da poita e saímos facilmente do porto. O vento era nordeste puro, mas mesmo assim apertamos a orça para nos distanciar da costa. Minutos após a partida, vimos um inesperado mas conhecido jorro d’água: baleia!!! Nossa, até aqui em cima elas vem!!! Depois do curto e inesperado encontro, continuamos andando e o vento rondou para leste. Continuamos orçando ao máximo, o que tornava a navegação um tanto desconfortável. Fomos navegando e conseguindo boas velocidades. Passaram por nós navios, barcos de pesca, aviões no céu. As ondas molhavam o cockpit de vez em quando e eu acabei “A Lista dos Desejos”, começando imediatamente outro, que ganhamos do Valmir do “Radum”. O livro se chama “Zapp!” e é muito bom. Quando anoiteceu, fui direto dormir.

 

06/09/2006 – Travessia - Recife

Acordei lá pelas sete da manhã e ajudei a Carol no turno até as nove, quando ela foi dormir. Continuei no turno. Nada de novidades até as dez da manhã, quando vi vários prédios ao longe. Era Recife!!! Fomos nos aproximando e vendo cada vez mais prédios. Passamos na praia de Boa Viagem (dunda, dunda, dunda, dunda, dunda, há, há) e fomos nos aproximando do porto. Olinda já era bem visível ao longe. Chegando no Cabanga Iate Clube, comemos miojo no Fandango e fomos conhecer o clube. É gigante e super bom! Tem várias quadras de esportes, duas piscinas, ótimos vestiários e muito mais!!! Fomos tomar um delicioso banho de piscina e ficamos lá até anoitecer. Tomamos um banhão, fizemos diário e dormimos.

 

07/09/2006 – Recife (Cabanga – Aeroporto)

Acordamos ansiosos hoje, pois a Lu ia chegar para nos visitar!!! Logo acabamos de trabalhar e fomos de ônibus para o aeroporto. Às duas e pouco da tarde pousou o avião no qual a Lu estava. Foi a maior festa!!! Almoçamos em um restaurante do aeroporto e voltamos para o Cabanga. Eu e a Carol pegamos nossos barquinhos e fomos brincar na enorme piscina do clube. Brincamos por um bom tempo na água quente da piscina (e olha que ela não tem aquecimento!) e voltamos para o Fandango. Ouvimos música, acabamos os diários, conversamos muito e tomamos uma deliciosa sopa antes de ir dormir.

 

08/09/2006 – Cabanga

Descemos no clube cedo (só eu e a Carol) e fomos para a quadra de futsal para treinar um pouco. Ao todo, fiz 23 gols!!! Depois treinamos basquete, sem bons resultados. O tobogã que há nela estava ligado, o que fazia uma grande correnteza. A Carol ficou nadando por um tempão, enquanto eu treinava com o meu barquinho. Não havia muito vento, mas a correnteza do tobogã levava-o em alta velocidade. O pai e a Lu chegaram e eu e a Carol fizemos uma regatinha de “volta à piscina” com medalha (de plástico) e tudo! Como o vento estava bem inconstante, os barcos quase deram três voltas à piscina! A regata foi bem disputada, mas eu acabei ganhando (por um triz) graças a um vento que pegou meu barco antes. Depois fomos no enorme hipermercado Extra, onde fizemos muitas compras. No barco, nós jantamos lasanha e dormimos.

 

09/09/2006 – Cabanga – Praia de Boa Viagem

Hoje o passeio do dia me deixou um tanto apreensivo: nós fomos à praia de Boa Viagem, o lugar com mais ataques de tubarão no Brasil! Tomamos um ótimo café da manhã à base de panquecas e fomos para a praia de carona com o Ricardo, irmão do Roberto Neves, lá da Ilha. A praia é bem bonita, só que super movimentada. Na maré baixa dá para entrar na água, pois os recifes bloqueiam a entrada por mar. Já no clube, vimos um pessoal pendurando peixes em um galho. Para se ter uma idéia, o menor deles era um dourado de uns três quilos! Havia ainda um dourado de uns dez quilos, uma cavala de uns quinze e vários outros. De repente, o galho quebrou de tanto peso! O pai me puxou para o lado bem na hora, pois o galho, com uns oitenta quilos de peixe, caiu bem em cima de onde estavam todos! Não aconteceu nada comigo, mas um dos pescadores não teve a mesma sorte: levou uma senhora paulada na cabeça e teve de ir para o hospital. Passado o susto, fomos para o barco jantar. Ainda fomos no enorme shopping Recife procurar presentes para a Lu, mas não achamos nada. De volta ao Cabanga, vimos que o cara que foi atingido pelo galho, já estava melhor e tinha tomado três pontos na testa. Voltando ao Fandango, dormi exausto.